Sobre

Neste blog eu falo sobre minhas experiências em um primeiro intercâmbio e o que aprendi com ele. As dicas contidas no conteúdo são pessoais e contam histórias através da minha perspectiva. É um sonho realizado e ele começou em março de 2017. Minha intenção é ajudar outras pessoas, que assim como eu, buscam longe seus objetivos :)
- Aline Ribeiro

sábado, 18 de março de 2017

Você precisa saber sobre o Apartheid



Ok, meus caros... mesmo com a pouca vivência por aqui ainda, eu não consigo mais escrever sem falar do Apartheid. Então quero que você leia MESMO. Até o fim. Com atenção.

O Apartheid foi uma política de segregação social ocorrida na África do Sul entre 1948 e 1994 , com a ascensão do Partido Nacional, cujo governo foi composto por uma minoria branca (veja bem, à APENAS 25 ANOS atrás ainda aconteciam atrocidades na Africa do Sul)O país foi governado por esta minoria que adotou desde 1948 uma política de segregação¹ racial. (¹ato ou efeito de segregar(-se); afastamento, separação).


Com o fortalecimento do regime entre as décadas de 1960 e 1970, uma forte oposição se fez presente. O Partido Nacional tinha como parâmetro as ideias de superioridade racial branca e para manutenção de seu governo, e desse sistema, investiu em vigilância e repressão constantes.

Os casamentos entre brancos e negros eram proibidos e o ato sexual de brancos com não brancos, se descobertos, eram punidos com prisão. Somente brancos atuavam nos cargos diretivos do governo, no parlamento e eram eles os proprietários de terras produtivas.

Já aos negros cabia o trabalho como mão de obra barata nas fazendas, nas minas e na indústria. Além disso a circulação pelo país era restrita e controlada por diversos documentos de identificação ou passes e salvo-condutos. A burocracia foi uma importante estratégia de controle sobre mulheres e homens negros e sua livre circulação pelo país.

O negro precisava de um Passaporte para poder entrar na cidade do branco

A política de segregação racial esteve presente nos espaços mais comuns das cidades da África do Sul. Havia veículos de transporte separados para brancos e para negros, assim como os pontos de ônibus. Lugares separados nas praças, nos parques e nas praias era também bastante comum. Bibliotecas também seguiram as regras de segregação, assim como os bebedouros, os restaurantes, os bares. Enfim, todos os lugares foram marcados pela violência da segregação racial.

Banheiros


Ponto de ônibus

Arquibancadas

Na placa, o seguinte dizeres: “Perigo! Nativos, índios e pessoas de cor. Se você entrar nestas instalações à noite você será dado como desaparecido. Guardas armados vão atirar e cães selvagens vão devorar o cadáver. Você foi avisado!”.

Dentro do ônibus. Brancos na frente e negros atrás.

Placa em uma praia demarcando “área exclusiva para pessoas brancas”, ou “área branca”.

Embora a segregação tenha sido um regime bastante violento, o povo Sul africano não tolerou passivamente as regras racistas. Várias foram as reações ao sistema e elas estiveram ligadas à formação da União Sul-Africana.

Desde o início do século XX, com a criação do Congresso Nacional Africano (ANC) que os negros passam a ter a sua principal entidade de representação. Na década de 1920 os líderes promoveram greves com mais de 40 mil mineiros em todo o país, mostrando sua capacidade de mobilização e articulação. Na década de 1940 foram mais de quarenta greves organizadas envolvendo mais de 60 mil pessoas.

Mas, é com a ascensão do regime do Apartheid que a resistência pacífica ficou em segundo plano, dando lugar a boicotes e movimentos armados liderados por Nelson Mandela (1918 – 2013). O estopim do início da resistência mais ativa foi o Massacre de Shaperville (1960), quando a polícia atirou em um grande grupo de aproximadamente cinco mil pessoas.

Há 55 anos, no dia 21 de Março de 1960, ocorreu em Sharpeville, na província de Gauteng, África do Sul, um protesto realizado pelo Congresso Pan-Africano contra a Lei do Passe, um documento que detalhava onde os negros poderiam ir. Caso os negros não apresentassem o passe, eles eram sumamente detidos.
Neste dia, milhares de manifestantes caminhavam por Sharpeville para um protesto pacífico, que foi reprimido pela polícia sul-africana com arma de fogo provocando a morte de 69 pessoas e ferindo 180.




Mandela foi preso em 1962 e em 1964 foi condenado à prisão perpétua, tendo ficado preso até 1990. Ele foi a principal referência da luta contra o regime de segregação racial na África do Sul.

Em 1976 uma onda de violência extrema por parte da polícia contra um protesto de jovens estudantes ocorreu em Soweto, Johanesburgo. Nesta repressão o número de mortes e prisões foi surpreendente: foram 600 manifestantes mortos e 13 mil prisões.

O Levante de Soweto foi um dos mais sangrentos episódios de rebelião negra desde o início da década de 1960, desencadeado pela repressão policial à passeata, em 16 de junho de 1976, de protesto contra a inferioridade das "escolas negras" na África do Sul.


Quando os estudantes universitários do Soweto começaram a protestar exigindo uma melhor educação, em 16 de Junho de 1976, a polícia respondeu com gás lacrimogénio e balas reais. Esse dia é hoje um feriado nacional, o “Dia da Juventude”, que honra os jovens que perderam a vida na luta contra o apartheid e a Educação Bantu.

Um dos primeiros a serem mortos foi um aluno do secundário de 12 anos, Hector Pieterson (na foto).

A tortura e morte de Steve Biko, líder do movimento, marcou a ação e a África do Sul passou a sofrer pressões por parte da ONU, que provocou o isolamento do regime do Apartheid e já nos anos 1980 o país passa por um descrédito mundial, perdendo investimentos.



No início dos anos 1990, com a libertação de Mandela e a abertura do regime o Partido Nacional perdeu força e Mandela foi eleito presidente em 1994, marcando o fim da segregação legal e a conciliação nacional sul-africana.



Por fim, o que eu quero que vocês entendam é que o regime de segregação racial Apartheid foi — e ainda é — responsável pela profunda divisão entre ricos e pobres que se verifica no país. Do ponto de vista urbanístico, muito teria de ser feito para homogeneizar a construção e distribuir a população.


Cidade do Cabo - foto de Johnny Miller 
Cidade do Cabo - foto de Johnny Miller 
E é essa a herança sociocultural escrachada para quem quiser ver: lugares e bairros de brancos e lugares e bairros de negros. 

Pode misturar? Pode sim. É comum? Não! Tem violência? Não presenciei nenhuma. Pelo o contrário, fui em "lugares de negros" que no começo ficaram olhando, só estranhando os brancos perdidos por ali, mas quando percebem que estamos ali para curtir, comer e beber... somos tratados muito bem (estranhamente como celebridade). 

É ridículo o que eu vou dizer agora, mas é totalmente verídico porque eu presencio isso: nos "bairros de negros", quando as crianças veem um branco, ficam enlouquecidas. Elas te chamam, querem te cumprimentar e te tocar.



É isso. Espero que tenham lido com muito carinho. A minha intenção é de respeito pela história do país e não queria deixar de lado a luta que eles passaram e passam até hoje.

Obrigada por me acompanhar ;***


Fonte: http://www.infoescola.com/historia/apartheid/

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